Descentralização: Data Centers Consolidando-se Fora do Eixo Rio/São Paulo

O panorama da seleção de locais para instalação de estruturas de data centers indica uma descentralização do eixo Rio de Janeiro – São Paulo, com desafios de conectividade e entraves governamentais.

A seleção de locais para a construção de centros de dados no Brasil requer um processo complexo, que leva em consideração diversas variáveis. Mas, no que diz respeito à descentralização, há sinais claros de que o Brasil está avançando nessa trajetória.

Além do tradicional eixo Rio de Janeiro / São Paulo, outras regiões do país, como o Nordeste, estão gradualmente se tornando destinos atrativos para investimentos em infraestrutura de data centers.

Essa mudança de cenário reflete uma tendência de descentralização que deve se consolidar nos próximos anos, à medida que a demanda por serviços de data center continua a expandir-se pelo território nacional.

Entretanto, três fatores se destacam como cruciais para o sucesso nessa expansão: disponibilidade de energia elétrica, conectividade de dados e incentivos governamentais. Para uma compreensão mais aprofundada desses aspectos, vamos explorá-los individualmente.

Disponibilidade de Energia Elétrica

A matriz energética compreende todas as fontes de energia utilizadas para diversas finalidades, como transporte, operações industriais, preparo de alimentos e geração de eletricidade.

A matriz elétrica consiste exclusivamente nas fontes empregadas na produção de energia elétrica. No cenário global, a geração de eletricidade depende, em grande medida, de combustíveis fósseis, como carvão e gás natural, nas termelétricas.

No entanto, o Brasil se destaca por sua matriz elétrica majoritariamente renovável, com uma significativa parcela proveniente de usinas hidrelétricas. Além disso, a energia eólica tem ganhado destaque, fortalecendo ainda mais a predominância de fontes renováveis em nossa matriz elétrica.

A energia elétrica é o alicerce do data center, sendo essencial para qualquer plano de expansão da infraestrutura de dados. Para garantir uma oferta confiável de energia diante do substancial demanda dos centros de dados em operação, é crucial entender a infraestrutura elétrica atual do local onde o data center será implantado.

Além disso, é importante considerar as projeções de expansão da oferta de energia elétrica para o futuro. À medida que a demanda cresce, podem surgir incertezas, justificando a necessidade da construção de uma subestação de energia dedicada exclusivamente à infraestrutura do data center.

Surpreendentemente, em alguns casos, o custo relacionado à construção da subestação pode exceder o investimento inicial no próprio data center. Por isso, além de verificar a disponibilidade de energia de alta tensão, é crucial considerar a proximidade da subestação mais próxima e a qualidade da infraestrutura da linha de distribuição de energia. Esses fatores se tornam ainda mais críticos à medida que o tamanho do data center aumenta, enfatizando a importância da infraestrutura elétrica na eficiência operacional e na viabilidade financeira do empreendimento.

Sempre será necessário contar com subestações de energia ao lidar com data centers que ultrapassam a marca dos 3MW, já que esse é o limite de fornecimento das concessionárias. Embora o Brasil não enfrente problemas significativos na geração de energia, as deficiências na infraestrutura de distribuição elétrica são uma realidade. Essa limitação frequentemente se traduz em desafios operacionais para data centers de grande porte, que requerem investimentos adicionais em redundância e sistemas de backup para garantir a continuidade das operações. Portanto, a questão da infraestrutura elétrica se torna um aspecto crucial a ser considerado ao planejar e operar data centers no país.

Conectividade de dados

Conectividade é a habilidade de estabelecer conexões entre dispositivos, sistemas, ambientes e dados.

Essa interconexão é essencial para a integração dos dispositivos e para garantir não apenas o acesso, mas também o compartilhamento imediato de informações, em múltiplos locais e por diversos usuários.

É por meio da conectividade que os sistemas podem operar de forma coordenada e eficiente, promovendo uma comunicação contínua e uma colaboração fluida em ambientes cada vez mais interconectados.

De tal forma, a interligação eficiente desempenha um papel crucial na otimização das operações dos centros de dados. Assim a proximidade de cabos submarinos é uma vantagem, pois reduz o tempo que leva para um dado ser transmitido de um ponto a outro em uma rede de comunicação e, consequentemente, o tempo de resposta total para que se estabeleça a transmissão de informações.

Além disso, regiões com uma grande população de usuários de dispositivos móveis tendem a apresentar uma melhor infraestrutura de conectividade, o que atrai investimentos em data centers.

É fundamental destacar que a conectividade eficiente não apenas melhora a eficácia das operações dos data centers, mas também impulsiona a competitividade e a capacidade de resposta às demandas econômicas de mercado.

Incentivos Governamentais em níveis Federal, Estaduais e Municipais

Sabemos que Tecnologia da Informação (TI) é fundamental para impulsionar o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Diariamente, novos desafios surgem, impactando de maneira significativa o avanço da cadeia produtiva nacional.

A regulação governamental desempenha um papel crucial na área de Tecnologia da Informação (TI), assegurando a segurança, a proteção de dados e a propriedade intelectual. Essas regras são estabelecidas em diferentes esferas governamentais.

Para estabelecer regulamentações flexíveis, capazes de acompanhar o ritmo acelerado da evolução tecnológica sem inibir o desenvolvimento, é essencial promover a colaboração entre o setor público e privado, por meio de consultas públicas e diálogos abertos.

A complexa carga tributária representa um dos principais desafios enfrentados pelo setor de dados no Brasil. Inegavelmente os tributos são indispensáveis para financiar as políticas públicas em um país de dimensões continentais como o Brasil. No entanto, além de arrecadar, os tributos devem incentivar o crescimento e a inovação. Para isso, é essencial adotar medidas que transformem a tributação em um catalisador de pesquisa e tecnologia.

Especificamente à indústria de data center os incentivos governamentais em níveis federal, estadual e municipal têm levado em consideração a redução de impostos, subsídios financeiros, entre outros benefícios. Uma vez que a presença de incentivos governamentais pode ser um fator decisivo na escolha do local para a construção de um centro de dados, influenciando diretamente a viabilidade financeira do projeto.

Desta maneira, incentivos fiscais específicos, como créditos tributários, isenções ou reduções de impostos sobre a renda ou serviços relacionados à TI, podem estimular as empresas a investirem em pesquisa e desenvolvimento. É importante ressaltar que a tecnologia da informação é fundamental para diversas políticas públicas, como saúde, educação e segurança pública. Portanto, incentivar o desenvolvimento nesse setor é crucial para o crescimento e a eficácia das políticas públicas em todo o Brasil.

A descentralização dos centros de dados no Brasil representa uma mudança significativa impulsionada pela busca da redução de latência e pela resiliência operacional. Destacamos que fatores como disponibilidade de energia elétrica, conectividade de dados e incentivos governamentais desempenham papéis fundamentais nesse processo, tornando-se os principais desafios para a descentralização. Ao considerar estrategicamente esses elementos, as empresas podem posicionar-se de forma vantajosa, contribuindo para o avanço tecnológico e econômico do país.

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